Por que sempre sinto que estou recomeçando? O ciclo do recomeço e como quebrar esse padrão
- emmamarcon

- há 6 dias
- 3 min de leitura

Sabe aquela sensação de que todo ano tu acaba voltando exatamente para o mesmo ponto?
Aquela promessa renovada: “Agora vai. Agora eu vou mudar.”
E, de repente, quando tu percebe, já é março… depois junho… depois outubro… e tu pensa:
“Poxa, tô recomeçando tudo de novo.”
Essa sensação não é falta de força de vontade.
Não é preguiça.
Não é “falta de vergonha na cara”, por mais que tu já tenha dito isso pra ti mesma dezenas de vezes.
A verdade é que o recomeço constante é um padrão emocional, não um problema de disciplina.
E entender esse padrão é o primeiro passo pra quebrar ele.
Por que a gente recomeça tanto?
1. Porque o ponto de partida é sempre a culpa
Grande parte das pessoas começa uma mudança porque não aguenta mais algo: o peso, a sensação de fracasso, o corpo, o espelho, as compulsões, a falta de controle.
Quando o motor da mudança é a culpa, ela até começa com força…
mas morre rápido, porque culpa não sustenta nada a longo prazo.
2. Porque a estratégia é sempre extrema
Isso vale pra alimentação, exercício, rotina, tudo.
O famoso “segunda eu começo”:
* cortar doces
* cortar carboidrato
* treinar todo dia
* acordar 5h
* virar outra pessoa em 24h
É óbvio que o corpo e a mente entram em colapso.
E quando o extremo quebra, a pessoa quebra junto, e volta pro início.
3. Porque ninguém nos ensinou regulação emocional
Comer por emoção, usar comida pra aliviar ansiedade, descontar o estresse…
Tudo isso vira automatismo.
E enquanto as emoções não têm outro espaço pra existir, a comida vira o único lugar seguro.
4. Porque mudar dói, e o cérebro foge da dor
O cérebro prefere o que é familiar, não o que é melhor.
Mesmo que o ciclo faça mal, ele é conhecido.
E a mudança exige desconforto.
Como quebrar o ciclo do recomeço e construir continuidade
1. Mudar o porquê, não o como
A mudança precisa nascer de um motivo que te fortaleça, não que te machuque.
Algo que tu escolhe, não algo que tu faz pra fugir da culpa.
2. Trocar perfeição por constância leve
Em vez de metas impossíveis, metas realistas:
* comer um pouco melhor
* se movimentar um pouco mais
* se ouvir um pouco mais
* errar sem se destruir
Constância não é nunca falhar.
É voltar SEM se punir.
3. Aprender a lidar com as emoções sem usar comida
Isso não se aprende da noite pro dia.
Mas se aprende.
Regulação emocional é o que constrói continuidade.
É a habilidade que dá base pra tudo.
4. Parar de jogar o ano no lixo por causa de um dia difícil
Isso vale ouro:
Tu não estraga tua vida por comer mal num dia.
Mas tu estraga teu progresso quando abandona tudo por causa de um erro.
E se janeiro não fosse mais o começo?
Imagina chegar no próximo janeiro e sentir:
“Eu segui. Eu não parei. Eu não precisei me reconstruir do zero.”
Isso é liberdade.
Isso é maturidade emocional.
Isso é recuperação, não no sentido clínico, mas no sentido humano.
O recomeço constante cansa.
Mas a continuidade… liberta.
E tu merece essa liberdade.
Um passo de cada vez, sem pressa, sem culpa, sem drama.
Só você, sua verdade e seu processo.




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