Reganho de peso após a bariátrica: por que acontece, e como fatores psicológicos influenciam mais do que você imagina
- emmamarcon

- há 19 horas
- 3 min de leitura

A bariátrica é, para muitas pessoas, o momento mais esperado da vida.
A promessa de alívio, liberdade e uma relação mais leve com o corpo cria expectativas enormes.
E, nos primeiros meses, tudo parece mágico: peso descendo rápido, elogios chegando, energia voltando.
É o famoso período de lua de mel, quando o efeito cirúrgico está no auge e os comportamentos ainda estão frescos.
Mas depois… a vida real volta.
A mente volta.
As emoções voltam.
Os antigos padrões voltam a bater na porta.
E é aí que muita gente se assusta:
“Por que estou voltando a ganhar peso?”
A resposta não está só no prato, está na cabeça, na emoção, na história de cada um.
Vamos conversar sobre isso?
1. A bariátrica muda o estômago, não muda a mente.
Esse é o ponto mais importante e, ao mesmo tempo, o mais negligenciado.
A cirurgia altera o tamanho do estômago, a velocidade do esvaziamento gástrico, os hormônios da fome…
Mas não altera o que a pessoa pensa, acredita ou sente.
Se alguém tinha:
* fome emocional
* compulsão
* uso da comida como conforto
* dificuldade de lidar com frustração
* baixa autoestima
* distorção de imagem
* perfeccionismo
isso tudo continua existindo mesmo com um estômago menor.
A cirurgia não apaga a história emocional por trás da comida.
2. O cérebro não entende “bariátrica”, ele entende sobrevivência
Quando a carga emocional volta, o cérebro usa os caminhos antigos.
É automático.
É instintivo.
E aí acontece o que muitos chamam de “transferência”:
* troca compulsão alimentar por compulsão por açúcar
* por álcool
* por compras
* por comportamento de risco
* por trabalho excessivo
Não é frescura, nem falta de força de vontade.
É neurociência + emoção + história de vida.
3. O reganho começa muito antes da balança subir
O reganho de peso costuma vir de forma silenciosa:
* “Belisquinhos” voltam
* A saciedade deixa de ser respeitada
* A comida vira válvula de escape
* A culpa cresce
* O ciclo restrição → compulsão reaparece
* A pessoa para de se ouvir porque tem medo de “perder o controle”
E aí, quando percebe, o corpo já sinalizou de novo.
4. Expectativas irreais também sabotam
Muita gente acredita que a bariátrica vai:
✔ curar compulsão
✔ resolver autoestima
✔ apagar fome emocional
✔ mudar a relação com o corpo
✔ criar disciplina
✔ impedir recaídas
Mas a cirurgia é uma porta, não o caminho inteiro.
Quando a expectativa é fantasia, o impacto é devastador.
O reganho dói mais, porque parece “fracasso”.
Mas não é fracasso. É falta de suporte psicológico.
5. O grande vilão? O retorno dos velhos gatilhos emocionais
Estresse, solidão, frustração, rejeição, autocrítica, comparação…
Quando esses sentimentos reaparecem e a pessoa não tem ferramentas novas, o corpo faz o que SEMPRE fez:
busca conforto.
Só que agora o estômago é menor, mas o sofrimento emocional continua gigante.
6. Como prevenir (e tratar) o reganho de peso
*Psicoterapia especializada
Porque comer emocional, compulsão e autoestima NÃO se tratam com dieta.
*Reconstrução da imagem corporal
O cérebro demora muito mais para atualizar o “eu corporal” do que o corpo demora para mudar.
*Regulação emocional
Aprender a lidar com desconforto sem usar comida é o grande divisor de águas.
*Estratégias cognitivas da TCC
Reestruturação de crenças
Identificação de gatilhos
Pensamentos automáticos
Comportamentos alternativos
*Relação realista com o corpo
Não existe corpo pós-bariátrica perfeito.
Existe corpo funcional, saudável e respeitado.
*Rotina alimentar estruturada
Sem extremismos, sem punições, sem comer emocional escondido.
O reganho de peso não é o fim, é um sinal
Um convite.
Um pedido do corpo e da mente por ajuda.
Por suporte.
Por acolhimento.
Por ferramentas novas.
A bariátrica começa no estômago, mas só se sustenta no emocional.
E ninguém precisa passar por isso sozinho.
Lembre-se, ao menor sinal de sofrimento físico/psíquico, busque ajuda de profissionais capacitados para te ajudar.




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