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Por que é tão difícil confiar no próprio corpo? A relação entre controle, medo e alimentação




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Existe uma coisa silenciosa que quase ninguém fala, mas que acompanha muitas pessoas na relação com a comida: o medo de confiar no próprio corpo.

É uma sensação estranha… como se o corpo fosse um inimigo imprevisível, pronto pra “atrapalhar” qualquer tentativa de mudança.


E, por trás disso, existe história.

Existe dor.

Existe tentativa de se proteger.


Vamos falar sobre isso?


De onde nasce a desconfiança do próprio corpo?


1. Dietas ao longo da vida “ensinaram” que o corpo não sabe o que faz


Quando tu passa anos ouvindo:

* “isso pode”, “isso não pode”

* “coma isso”, “evite aquilo”

* “se comer demais, engorda”

* “se comer de menos, emagrece”


tu internaliza a ideia de que teu corpo precisa de alguém mandando nele.

Ele vira um projeto, não um lar.


Dietas ensinam controle.

Mas nunca ensinam confiar.



2. Fome e saciedade deixam de ser sinais, viram ameaças


Muitas pessoas com histórico de restrição ficam apavoradas quando sentem fome.

É quase visceral:

“Se eu sentir fome, vou perder o controle.”


E ironicamente, é essa tentativa de não sentir fome que gera compulsão depois.


O corpo não é teu inimigo.

Ele só está tentando te manter viva.



3. Há um medo profundo de perder o controle


E esse medo não nasce na comida.

Nasce na vida.


Pessoas que viveram ambientes caóticos, instáveis, exigentes ou que precisaram crescer rápido desenvolvem um sistema interno que diz:

“Eu preciso controlar tudo pra não sofrer.”


E adivinha onde isso aparece?

Na comida.

No corpo.

Nos treinos.

Na balança.



4. O corpo vira depósito emocional


Quando a vida pesa, o corpo vira o lugar onde tudo deságua:

Ansiedade → fome

Tristeza → compulsão

Solidão → beliscar

Exaustão → descontar na comida


E aí nasce uma confusão enorme entre fome física e fome emocional.


Se tu nunca aprendeu a lidar com emoção, é óbvio que teu corpo vira o único lugar pra ela existir.



E como começar a confiar no corpo de novo?


A confiança corporal não nasce de um “manual”.

Ela nasce do processo, e ele é lento, bonito e profundamente transformador.


1. Parar de demonizar sinais corporais


Fome não é fracasso.

Saciedade não é fraqueza.

Vontade de comer não é problema.


São apenas sinais.

Sinais que tu pode aprender a interpretar.



2. Construir pequenas experiências de segurança


Confiança nasce em microações:

* comer sem culpa

* fazer refeições sem punição

* respeitar a saciedade

* não pular refeições

* parar de fazer contas o tempo todo


Cada pequena escolha constrói um tijolinho de segurança interna.



3. Regular emoção antes de regular comida


Essa é a virada de chave.


Tu não tem relação ruim com comida.

Tu tem uma relação difícil com emoção, e a comida virou a ponte.


Quando tu aprende a lidar com o que sente, comer deixa de ser guerra.



4. Tratar o corpo como aliado, não como projeto


Teu corpo não trabalha contra ti.

Ele te protege todos os dias, mesmo quando tu se volta contra ele.


A cura não está em controlar.

Está em se reencontrar.



No fundo, confiar no corpo é confiar em ti


E essa confiança foi machucada muitas vezes:

por dietas, por comentários, por comparações, por cobranças, por crenças antigas.


Mas ela volta.

Devagar.

Com carinho.

Com terapia.

Com consciência.

Com escolha.


O corpo que tu tem hoje não é um problema a ser resolvido.

É uma história a ser acolhida.


E tu merece viver um capítulo diferente.

 
 
 

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